Esta era a bandeira do «Centro Democrático Federal 15 de Novembro», clube republicano fundado no Porto, a 11 de Janeiro de 1891 (primeiro aniversário do Ultimatum britânico), e tendo entre os seus iniciais 150 membros, os destacados dirigentes republicanos Alves da Veiga (advogado e publicista), Magalhães Lima (fundador e ex-director do jornal «O Século») e Teófilo Braga (professor universitário).
Tal centro localizava-se na Praça dos Poveiros, em cuja fachada degradada ainda se pode ler uma placa evocativa:
«Casa onde foi fundado o Centro Democrático Federal 15 de Novembro cuja bandeira foi hasteada no edifício da Câmara Municipal do Porto na Revolução do 31 de Janeiro de 1891».
A inclusão da data «15 de Novembro» no nome daquele núcleo republicano é homenagem ao golpe que levou à implantação da República no Brasil , ano e meio antes, precisamente a 15 de Novembro de 1889. E o termo «federal» dizia respeito à assumpção de uma corrente de pensamento político descentralista, municipalista e regionalista, que sempre se manifestou com alguma força no Porto, mesmo no seio e no âmbito das lutas intestinas do partido Republicano/Democrático durante toda a I República.
Aquando da Revolta de 31 de Janeiro, o presidente do Centro Democrático Federal 15 de Novembro, Alves da Veiga proclamou a república da varanda da Câmara Municipal do Porto, então situada na Praça D. Pedro (actual «da Liberdade»), sendo hasteada a bandeira acima reproduzida.
À época não existia uma bandeira do Partido Republicano (cuja implantação incipiente se resumia precisamente em diversos e atomizados «centros»), nem sequer uma definição cromática com sentido revolucionário ou político. No entanto, tal como ao longo dos tempos e em tantos lugares, a cor vermelha simbolizava a «revolta», ou «revolução» pretendidas. Na bandeira em análise, juntou-se um círculo verde central, precisamente em homenagem ao recém republicanizado Brasil, pois que essa era (e é) a cor tradicional e principal do estandarte daquele país sul-americano.
Assim, é apenas depois da revolta portuense que os republicanos portugueses, por solidariedade e homenagem, assumiram como suas aquelas cores - verdade e vermelho - já então tingidas de «martírio» dos mortos, presos e deportados que tinham levantado a primeira bandeira e proclamado a efémera e frustrada república no Porto. Logo de seguida o PRP adoptou essa simbologia e a mesma veio a tornar-se definitiva aquando da implantação da República em 1910.
1 comentário:
NÃO SEI
Desde Dezembro passado que os nossos órgãos de comunicação Social, sobretudo a televisão
não se cansa de anunciar o espectáculo Remix em Pessoa, protagonizado pelo celebre
e conhecido humorista Jô Soares.
O mesmo apresenta 12 obras de Fernando Pessoa como “ O Poeta é um Fingidor “, “ No dia em que
Festejava”, entre outras.
Assistimos várias vezes ao dia e durante quase um mês a uma maciça exposição desta personagem que
veio directamente do Brasil apresentar este espectáculo.
Confesso que não vi a peça, gostaria de a ter visto, mas durante um mês fiquei cheio só do seu anuncio
daí a minha ausência no espectáculo.
Enfim nada me espanta, o que efectivamente me preocupa é que na véspera de uma data importante para o país:
A Revolta de 31 de Janeiro de 1891 que foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação
do regime republicano em Portugal.
Praticamente nada foi anunciado ou mencionado nos meios audiovisuais.
Ficamos a saber no próprio dia (31 de Janeiro) que na véspera várias acções (inclusive uma recriação real do facto) tivera lugar na nossa cidade.
Perante estes factos, só temos a lamentar que a televisão pública bem como as privadas, se preocupam demais com outros eventos que não
este, que teve especial relevância na democracia que hoje este país tem.
Para que não fiquem a pensar em outras coisas, termino com Fernando Pessoa:
Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Dissessem.
Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.
Porquê
Esperar?
- Tudo é
Sonhar
Saudações Marítimas
José Modesto
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