Construído em 1874, em local onde se situavam os antigos celeiros da cidade, situava-se na parte oeste da «Cordoaria», antigo Campo do Olival, actual [desde 1835] Campo dos Mártires da Pátria.
Este Campo do Olival, era vasto terreno aplanado, tendo já menção no documento de cedência da cidade por parte de D. Teresa ao bispo portuense D. Hugo. Ali existia, ao lado do actual «Café do Olival»,(última referência existente do antigo toponímico) uma das portas da cidade: a Porta do Olival, derrubada, juntamente com grande parte da muralha, durante o século XVIII. Por ser zona priviligiada de expansão da cidade, um dos sucessores de D. Hugo, em 1331 cedeu-o ao povo do Porto «para rocio e prol do comum da dita cidade».
No «Campo do Olival» ao longo dos séculos foram-se construindo diversos, dos mais majestosos edifícios públicos da cidade, sobretudo a partir do século XVI, como sejam: a Torre e Igreja dos Clérigos [em 1754, por parte da Irmandade dos Clérigos Pobres]; o Tribunal e Cadeia da Relação [em 1606 por ordem de Filipe I de Portugal, funcionando a Cadeia até ao dia 29 de Abril de 1974, sendo hoje ali a sede do Centro Português de Fotografia); o Colégio dos Meninos Orfãos de Nª Srª da Graça [em 1651, no local onde está a Reitoria da Universidade]; a Igreja e Convento do Carmo [1619], e posteriormente a gémea Igreja dos Terceiros do Carmo [1776];
o Recolhimento do Anjo [1672], onde mais tarde veio a funcionar o mercado do mesmo nome e foi também a Praça de Lisboa, mercado e galeria comercial hoje abandonado; a Igreja de S. José das Taipas [1666]; em 1770 a Santa Casa da Misericórdia do Porto dá início à construção do monumental Hospital de Santo António, e ainda, já nas cercas do Olival, o Convento de S. José e Santa Teresa de carmelitas descalças [1702].
Na zona central do Olival, foi construída, por ordem de Filipe II de Portugal, em 1613, uma Alameda da Cordoaria, sendo posteriormente toda a zona ajardinada nos finais do século XVIII e transformado em Passeio Público em 1853. Em 1865, a instâncias e patrocinado por Alfredo Allen, Visconde de Vilar d'Allen, o paisagista alemão Emílio David desenha o denominado «Jardim da Cordoaria» (oficialmente e desde 1924: Jardim João Chagas], espaço de características românticas que foi um dos locais de eleição de passeio e recreio dos portuenses por longas décadas, vindo a ser totalmente, descaracterizado por intervenção do arquitecto Camilo Cortesão aquando da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, permanecendo desde então em profunda degradação.
A designação de Cordoaria advêm de ali se terem, desde pelo menos o século XIV, instalado vários fabricantes de cordas, sobretudo destinadas à arte de navegação, tendo posteriormente, no tempo de D. José sido ali instalada uma fábrica de cordoaria que sobreviveu até 1864.
O Mercado do Peixe propriamente dito, ao lado do qual funcionou durante cerca de 40 anos a Roda dos Expostos para recolha de crianças abandonadas, data de 1874, visando substituir o pouco higiénico e então já insuficiente Mercado da Ribeira, ali permanecendo até finais dos anos 50 do século XX, pois no mesmo local foi construído o actual edifício do Palácio de Justiça do Porto, onde funciona o Tribunal da Relação, cuja construção se iniciou em 1958 e foi inaugurado em 1961.
Estas duas últimas fotografias são da Fotografia Alvão, via Almunias & Etc.
Na primeira é possível ver o edifício da Roda, primeira casa ao lado esquerdo do mercado. Na segunda, é uma vista das traseiras do mercado, a partir do Passeio das Virtudes.
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