(Imagem via Notas Históricas e Geneológicas)
No interior do estabelecimento «Araújo & Sobrinho», no Largo de S. Domingos, existe o nicho e a imagem conforme fotografia acima. Trata-se de uma imagem antiquíssima, que se situa ao fundo e de frente para a rua em sua honra (actualmente apenas designada de Rua das Flores) cuja construção se iniciou em 1518 por ordem do rei D. Manuel I. A rua deverá o nome ao facto de tal santa ser a padroeira dos moleiros, uma vez que nas margens do Rio da Vila, que corre por detrás da rua da Flores, existiram à época diversos moinhos movidos a água.
Sobre a Santa Catarina pode-se ler aqui breve resumo biográfico.
O nicho estava inicialmente exposto a céu aberto, mas posteriormente foi autorizada a construção e expansão do estabelecimento, fundado em 1829, acabando a imagem por ficar no seu interior, mas exactamente na mesma posição que sempre teve.
«Na parte central do Largo de S. Domingos e desde o princípio do século XVI, existia um chafariz que foi demolido em 1845 e substituído pela linda fonte construída entre 1846 e 1850 num terreno expropriado pela Câmara ao conselheiro Domingos de Faria, tendo este, na terra excedente, mandado erguer num edifício no qual a referida fonte ficou embutida.
Este prédio, mais tarde, passou à posse de Manuel Francisco Araújo (fundador em 1829, da Papelaria Araújo e Sobrinho), e, deste, a seus herdeiros, os quais, após a demolição da fonte, por volta de 1922, aproveitaram o espaço da mesma para aumentar uma montra ao acreditado e secular estabelecimento de papelaria que hoje pertence, por sucessão, aos netos e bisnetos do instituidor.
A Fonte de S. Domingos, que ostentava em ponto elevado um lindo medalhão de pedra com as armas da cidade - por sinal um bom trabalho de escultura em granito - tinha duas bicas e recebia água dos mananciais de Paranhos e Salgueiros, seguindo o encanamento daqui para a Fonte das Congostas.
Pegado à casa de Manuel Francisco de Araújo , onde hoje está uma barbearia, havia uma outra casa pertencente a Henrique de Oliveira Maia, que saía fora do alinhamento uns quatro metros aproximadamente, formando o conjunto das duas casas um pronunciado recanto - no género do que subsiste fronteiro à embocadura da Rua das Flores - no qual habitavam inquilinos da mais ínfima espécie, que se serviam de uma escada comum voltada para o dito recanto, e comerciavam algumas tabernas frequentadas por aguadeiros e moços de fretes de origem galega.
Mesmo em frente à Papelaria Araújo e Sobrinho, junto da fonte, erguia-se um oratório dos Passos - o Passo murinho de S. Domingos, que se formou devido ao rebaixamento da rua após a construção de prédios nesse lugar.
Este Passo, que havia sido tomo reformado entre 1824 a 1825, foi demolido assim como o prédio que formava saliência, para dar mais amplitude ao local e mais perfeita correcção ao alinhamento.
No ano de 1728 e no recanto atrás citado, via-se uma imagem que representava Santa Catarina, a qual, quando se procedeu ao alinhamento do lugar, foi transferida para o cunhal da casa Araújo e Sobrinho, onde se conservou longos anos. (...).
A imagem em referência, que tem 1,19 de altura por 0,55 de frente, foi apeada do dito cunhal há mais de meio século, por motivo de obras da frontaria da casa e devidamente arrecadada num amplo e artístico nicho de pedra canelada (encimado pelo emblema comercial usado pela firma), que o pai [e avô) dos actuais e dinâmicos proprietários cuidadosamentee mandou abrir na parede de um anexo das traseiras do estabelecimento.
esta linda e pouco conhecida escultura, que conta larga existência, não obstante ter sido modelada numa fraca variedade de calcário, está relativamente conservada. apenas a coroa que lhe cinge a cabeça e o braça direito [amputado pelo antebraço] se encontram com mutilações.
Agora, aqui muito à puridade: Não teria sido esta imagem porventura, a inspiradora do nome da rua que actualmente se denomina das Flores e antes se chamou de Santa Catarina?
Se a imagem já lá se encontrava, como é de supor, antes da abertura dessa rua em 1521, então podemos afirmar ter descoberto a origem toponímica do seu primitivo onomástico, e, demais, que o actual Largo de S. Domingos, como é sabido, antes e até meados do século XIX era conhecido por Praça ou Terreiro de Santa Catarina. (...)»
Horácio Marçal, in «O Largo de S. Domingos (III-Conclusão)», O Tripeiro, nº7, Novemnro dfe 1955, V Série, Ano XI
«Na parte central do Largo de S. Domingos e desde o princípio do século XVI, existia um chafariz que foi demolido em 1845 e substituído pela linda fonte construída entre 1846 e 1850 num terreno expropriado pela Câmara ao conselheiro Domingos de Faria, tendo este, na terra excedente, mandado erguer num edifício no qual a referida fonte ficou embutida.
Este prédio, mais tarde, passou à posse de Manuel Francisco Araújo (fundador em 1829, da Papelaria Araújo e Sobrinho), e, deste, a seus herdeiros, os quais, após a demolição da fonte, por volta de 1922, aproveitaram o espaço da mesma para aumentar uma montra ao acreditado e secular estabelecimento de papelaria que hoje pertence, por sucessão, aos netos e bisnetos do instituidor.
A Fonte de S. Domingos, que ostentava em ponto elevado um lindo medalhão de pedra com as armas da cidade - por sinal um bom trabalho de escultura em granito - tinha duas bicas e recebia água dos mananciais de Paranhos e Salgueiros, seguindo o encanamento daqui para a Fonte das Congostas.
Pegado à casa de Manuel Francisco de Araújo , onde hoje está uma barbearia, havia uma outra casa pertencente a Henrique de Oliveira Maia, que saía fora do alinhamento uns quatro metros aproximadamente, formando o conjunto das duas casas um pronunciado recanto - no género do que subsiste fronteiro à embocadura da Rua das Flores - no qual habitavam inquilinos da mais ínfima espécie, que se serviam de uma escada comum voltada para o dito recanto, e comerciavam algumas tabernas frequentadas por aguadeiros e moços de fretes de origem galega.
Mesmo em frente à Papelaria Araújo e Sobrinho, junto da fonte, erguia-se um oratório dos Passos - o Passo murinho de S. Domingos, que se formou devido ao rebaixamento da rua após a construção de prédios nesse lugar.
Este Passo, que havia sido tomo reformado entre 1824 a 1825, foi demolido assim como o prédio que formava saliência, para dar mais amplitude ao local e mais perfeita correcção ao alinhamento.
No ano de 1728 e no recanto atrás citado, via-se uma imagem que representava Santa Catarina, a qual, quando se procedeu ao alinhamento do lugar, foi transferida para o cunhal da casa Araújo e Sobrinho, onde se conservou longos anos. (...).
A imagem em referência, que tem 1,19 de altura por 0,55 de frente, foi apeada do dito cunhal há mais de meio século, por motivo de obras da frontaria da casa e devidamente arrecadada num amplo e artístico nicho de pedra canelada (encimado pelo emblema comercial usado pela firma), que o pai [e avô) dos actuais e dinâmicos proprietários cuidadosamentee mandou abrir na parede de um anexo das traseiras do estabelecimento.
esta linda e pouco conhecida escultura, que conta larga existência, não obstante ter sido modelada numa fraca variedade de calcário, está relativamente conservada. apenas a coroa que lhe cinge a cabeça e o braça direito [amputado pelo antebraço] se encontram com mutilações.
Agora, aqui muito à puridade: Não teria sido esta imagem porventura, a inspiradora do nome da rua que actualmente se denomina das Flores e antes se chamou de Santa Catarina?
Se a imagem já lá se encontrava, como é de supor, antes da abertura dessa rua em 1521, então podemos afirmar ter descoberto a origem toponímica do seu primitivo onomástico, e, demais, que o actual Largo de S. Domingos, como é sabido, antes e até meados do século XIX era conhecido por Praça ou Terreiro de Santa Catarina. (...)»
Horácio Marçal, in «O Largo de S. Domingos (III-Conclusão)», O Tripeiro, nº7, Novemnro dfe 1955, V Série, Ano XI
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