Fora em 11 de Agosto de 1880 que se dera a abertura do concurso público para a concepção e construção de uma ponte que fizesse a ligação entre as duas margens do Douro aos dois níveis: junto ao rio e superiormente, entre as escarpas.
O tabuleiro inferior destinava-se a substituir a Ponte D. Maria II, inagurada em 1843 e popularmente chamada Ponte Pênsil mas que já não se adequada ao crescente tráfego entre as duas margens do rio.
O concurso para a nova ponte recebeu 12 propostas, vindo a ser escolhida a apresentada pela empresa belga Societé Willebroek com projecto de Teophile Seyrig que havia já trabalhado na cidade, no projecto da Ponte Maria Pia em 1877. A ponte D. Luis pesa 3045 toneladas e possui 2 tabuleiros com 8 metros de alegura cada um. O superior tem uma extensão de 355 metros e o inferior de 175 metros.
No seu piso superior, logo após a inauguração da ponte usava-se o americano puxado a mulas como transporte público, substituído anos mais tarde pelos eléctricos amarelos, que por sua vez vieram a dar lugar aos troleys, aos autocarros e presentemente ali circula em exclusivo o metro.
Durante muitos anos, até 1943 era a ponte portajada, chegando a usar-se um sistema de fichas próprias que eram também aceites como boa moeda em diversos estabelecimentos comerciais.
Durante muitos anos, até 1943 era a ponte portajada, chegando a usar-se um sistema de fichas próprias que eram também aceites como boa moeda em diversos estabelecimentos comerciais.
Reza uma lenda popular que a Ponte apenas se chama Ponte Luiz I e não Dom Luis por o rei não ter estado presente na sua inauguração, pelo que o povo assim chamara á ponte como «vingança» pela suposta falta de respeito. Bom, na verdade, a haver falta de respeito é pela verdade histórica como qualquer portuense sabe. Todos designam a ponte como de D. Luis embora na placa que encima a entrada do tabuleiro inferior não conste o Dom. Seria portanto o povo a dar essa consideração e não a tirá-la, pelo que morre logo aqui aquela tola lenda.
E isso nada tem de inédito. Uma coisa é o oficial onde se respeitam os pergaminhos da cidade, outra o carinho popular pelos visados. Com efeito, a cidade do Porto, burguesa por vocação e nascimento, nunca fora muito dado a nobrezas e titulos nobliarquicos. Assim é que a ponte de caminho de ferro também é simplesmente Ponte Maria Pia, embora esta fosse a Rainha esposa de D. Luis I, ambos presentes na inaguração....E o bonito velódromo existente nas traseiras do Paço Real, actual Museu Soares dos Reis, era singelamente Velodromo Maria Amélia, sendo esta senhora não uma dama da vizinhança, mas a princesa consorte do então principe e futuro rei D. Carlos. Portanto, a tradição de não se designar e não constar das placas de inaguração o Dom vinha já um pouco de trás. O que fica fica bem à história da cidade e se espera que não venha a um dia a claudicar perante algum modernaço Prof. Dr.....
É a D. Luís um dos ícones da cidade, com o seu ferro rendilhado, sendo fácil e universalmente reconhecida como a ponte do Porto.
É a D. Luís um dos ícones da cidade, com o seu ferro rendilhado, sendo fácil e universalmente reconhecida como a ponte do Porto.
4 comentários:
Um tema muito pertinente, que ficava bem na comunicação nacional, mas como de costume passou ao lado... Parabéns pela oportuna lembrança e logo com um texto tão enriquecido e deveras elucidativo.
Parabéns por se terem lembrado desta importante efeméride. O que é escandaloso é a ausência de interesse (ignorância ?) por parte das autarquias do Porto e Gaia. Não houve comemorações, a efeméride foi completamente ignorada, e a única iniciativa pública conhecida (e que ficará para a posteridade) foi um artigo n'O Tripeiro: António Vasconcelos e José Manuel Lopes Cordeiro (2011), “Ponte Luís I foi inaugurada em 31 de Outubro de 1886. Ex-libris do Porto faz 125 anos”, O Tripeiro, 7ª Série, Ano XXX, nº 11, pp. 328-329.
Tendo como interesse a cidade do Porto, particularmente "o Porto Antigo", encontrei neste blogue o que precisava. Boa e apelativa apresentação, textos elucidativos e de fácil leitura, imagens extraordinárias, um blogue impar de cultura e conhecimento do nosso Porto. Tudo isto para exigir a existência deste blogue e a sua contínua procura da história da cidade do Porto. Parabéns e bem haja.
[Carlos Lemos]
Gosto de ver estas coisas sobre o Porto, e a ponte Luis I é um ex-libris. Tinha ouvido dizer, não sei se estarei certo, que o nome dado à ponte Luis I, e não Dom, foi pelo facto de já haver uma ponte lá para o Ribatejo que se chamaria Ponte de Dom Luis I.
(antonio)
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